*Imagem meramente ilustrativa, não reproduz a realidade
Nem sempre a gente imagina que um pedacinho de terra pode fazer tanta diferença, mas foi exatamente isso que aconteceu na Rua João Cosmai, em Mauá. Depois de dez anos de dedicação, o aposentado Sivaldo Pereira dos Santos colheu nada menos que 800 pés de alface orgânica durante a Semana Municipal da Alimentação. Toda essa produção vai para compor cestas básicas destinadas a famílias que realmente precisam.
O Sivaldo transformou um terreno de 400 metros quadrados em uma horta cheia de vida, que já virou referência na cidade. Por trás disso, tem muita vontade de ajudar, trabalho em equipe e uma preocupação genuína com o meio ambiente e com quem passa necessidade.
Enquanto cuidava das plantas, Sivaldo, de 70 anos, fez questão de entregar tudo o que foi colhido. “Eu faço questão que levem tudo, porque eu sei que vai para pessoas que precisam”, disse ele. Esse trabalho voluntário só acontece também graças ao apoio da Secretaria de Segurança Alimentar de Mauá.
O valor da produção orgânica para quem precisa
A grande diferença da horta do Sivaldo é que tudo ali é orgânico, sem nenhum tipo de veneno. Ele mesmo criou um jeito de adubar a terra usando esterco de cavalo, restos de folhas, raízes, cascas de ovos e galhos. Tudo bem simples, como muita gente já viu avós fazendo no quintal de casa.
Com isso, os alimentos saem ainda mais saborosos e nutritivos, o que faz diferença para as famílias que vão receber as cestas. Dá para imaginar um almoço com uma alface fresquinha dessas, né? E o melhor: sem agrotóxico.
Segundo Marco Aurélio Silveira Grande, o coordenador da Segurança Alimentar, esses alimentos têm um sabor especial e ainda são saudáveis. Tudo será distribuído para famílias em situação de vulnerabilidade.
O alcance desse projeto é enorme. Vladimir Garcia, do Banco de Alimentos de Mauá, explicou que essa alface vai junto nas cestas básicas que cerca de dez entidades assistenciais recebem. E ainda tem o apoio de empresas como o Carrefour, que também fazem doações.
Dedicação que faz a diferença
A paixão do Sivaldo pela terra não começou agora. Ele mesmo conta que mexer na horta faz bem para a cabeça e para o corpo, já que está aposentado há duas décadas. “Quando era jovem, eu trabalhava na roça, então estou acostumado,” falou, lembrando da época em que ajudava escolas a fazerem suas próprias hortas.
Tudo na horta urbana é feito com carinho e vontade de crescer ainda mais. Sivaldo agora está montando um viveiro de mudas e preparando uma estufa de 24 metros quadrados. Só falta colocar a lona e o sombrite para dar aquele toque final.
A horta vai muito além da alface: tem cebolinha, manjericão, capim-santo, limão, amora, abacate, lavanda, tomate e até romã. Uma verdadeira variedade que mostra como é possível diversificar a produção mesmo em um espaço relativamente pequeno. Quem já tentou plantar alguma coisa em casa sabe como dá gosto ver tudo crescendo.
Desafios e esperança para o futuro
Claro que nem tudo são flores. O Sivaldo e a equipe enfrentaram dificuldades com a falta de chuva. Para driblar esse problema, eles coletam água da chuva e usam um sistema de irrigação criado por ele mesmo, com a ajuda das caixas d’água que o pessoal da Secretaria instalou.
A colheita dos 800 pés de alface não foi fácil. Sivaldo contou com a ajuda de mais cinco pessoas. As plantas demoraram cerca de 80 dias para crescer e chegaram a ter até 40 centímetros de diâmetro. Tudo isso foi embalado em 23 caixas plásticas, prontas para ser distribuídas.
Para Marco Aurélio, essa horta urbana é um exemplo para outras pessoas. Ele acredita que mais gente pode se inspirar e aproveitar espaços disponíveis, mesmo pequenos, para plantar, cuidar do solo e produzir comida saudável. É uma forma de ganhar autonomia e pensar na sustentabilidade, algo que todo mundo pode experimentar, nem que seja num vasinho de tempero na janela.
Terminada a colheita, o Sivaldo já voltou à rotina: preparando a terra, adubando os canteiros e torcendo para a chuva chegar logo. Afinal, a próxima safra de alimentos orgânicos para a comunidade já está sendo pensada.
